terça-feira, 20 de abril de 2010

Você já foi à Bahia nega? Não? Então vá! Independente do destino... o Caymmi sabia o que falava!

Fala Galera! Este é o segundo post do @USPabroad e nele vou falar um pouco da minha experiência na @ e como tem sido a vida longe de casa.

Muito prazer, mas você é?

Meu nome é Gilberto Ribeiro, mais conhecido como Giba. Fiz parte da @USP entre 2006 e o comecinho de 2007 e lá tive como principal área de atuação o (antigo) time de People and Development (atual Talent Management).

Fora da @ passei um ano e meio na Caixa Econômica Social, na área de Fundos e Programas Sociais, mais um ano e meio na PricewaterhouseCoopers, na consultoria em Gerenciamento de Riscos.

Mais que o intercâmbio, minha experiência na @ me permitiu construir uma base de valores, conhecimentos e contatos sólidos que me abriram (e abrem) diversas portas e me possibilitam vivenciar experiências fantásticas pessoal e profissionalmente.

Agora! Ao intercâmbio...

O meu intercâmbio começou (como uma idéia) alguns anos antes, em uma sessão de ILP (Ideal Learning Plan – não sei se o termo/metodologia ainda é utilizado no CL, mas é muito útil se bem aplicada). Nessa sessão, tracei um plano de desenvolvimento pessoal que passava pela experiência fora, mas que teria que aguardar alguns anos para eu (1) desenvolver o currículo necessário para aumentar a minha aceitabilidade em um MT e (2) atingisse o grau de maturidade necessário para que aproveitar de forma plena a experiência a qual me dirigiria.

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No começo de Novembro de 2010 eu comecei de fato o processo de busca da vaga. Já tinha em mente exatamente o que eu queria e tinha o background necessário para isso. Graças ao bom planejamento eu consegui casar em pouco mais de 20 dias!

Hoje estou morando em Tete, uma cidade situada na região central de Moçambique. Dentre outras coisas, minha job description deixava claro que “The city is remote so the intern must be prepared for an intense cultural experience”. E não é que era verdade?

Viver na África é fantástico e ao mesmo tempo é frustrante. A parte fantástica está na receptividade das pessoas, nas belezas naturais, nos sons, nos sabores...

A parte frustrante é olhar para um continente inteiro que de alguma forma foi esquecido pelo resto do mundo e encontrar estatísticas como apenas 30% da população (de Moçambique) com acesso à água encanada e eletricidade, ou 1 em cada 7 pessoas infectada pelo vírus da AIDS. Estar aqui podendo fazer a diferença me faz sentir muito bem, mas face ao que há para ser feito, também faz com que me sinta uma gota no oceano (aqui cabe um parênteses, fico contente pela iniciativa de abrir a @ aqui... parabéns Daúdo e todo time do MC, vocês são os caras!).

Choque cultural

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Da esquerda para direita: Maico Weiss (brasileiro da @Portugal), Dave Steinbach (mochileiro canadense), eu e Miguel Gouvêa (português da @Portugal). À nossa frente Dona Alice e família, o melhor Frango com Xima da Ponta d’Ouro!

 

Imagine-se na seguinte situação. Você é um cidadão paulistano, acostumado com (pelo menos) 3 ou 4 horas diárias no trânsito caótico. Se você acorda às 9 horas da manhã e quer um brownie de café expresso para começar o dia, provavelmente você conseguirá. Se você chega da balada morto de fome em casa e está louco para comer tortillas e taco com uma coca-cola geladinha, você pode pedir por telefone! Aliás, se você se dá ao trabalho de ir para uma padaria, você pode compensar a “perda de tempo” com o deslocamento levanto seu laptop e conectando na rede wireless do estabelecimento para checar seus emails e mandar aquela planilha que você estava devendo.

Um belo dia, você acorda e diz “Na boa? Eu vou para a África!”.

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Um Xapa! Em uma boa viagem, costumam carregar SÓ 18 pessoas. O destino custa +/- R$ 0,30.

 

 

 

Foi mais ou menos assim comigo. De um dia para o outro eu tive que me acostumar com as temperaturas (Tete é a cidade mais quente de Moçambique), com cortes intermitentes de energia (o que te faz perder inclusive a água encanada porque a maior parte das casas que têm água usam um sistema de bombeamento para distribuí-la), com a escassez de produtos importados (aprendi onde ficam os chocolates, logo, essa parte do choque já está beeeem melhor), com o péssimo sistema de transporte público, enfim... com uma leve queda no padrão de serviços e consumo ao qual eu estava acostumado.

“Ah Giba! Mas você está em Moçambique, eles falam português, deve ser muito mais fácil do que ir para a Estônia vai...”. Ok ok, admito que o fato da língua falada aqui ser o português facilita minha vida. Mas não é só a língua que afeta o processo de comunicação e aqui eu descobri que eu não falo português... eu falo brasileiro!

Mas para não decepcioná-los em um bom relato sobre choque cultural, há sim uma questão de adaptação com a língua. Apesar de a constituição determinar o português como o idioma oficial, aqui nós temos um sem-número de línguas locais que, aliás, são quase tão utilizadas (dependendo da região, até mais utilizadas) que o próprio português.

Só na minha província você pode encontrar pessoas que falam Nyúngwè, Nyanja e Sena. Mais ao sul, em Maputo (onde se encontram meus amigos do MC e EPs) se fala Shitzua e Shangani. Ainda lá perto você pode ouvir o idioma de Inhambane, o Bitonga. E ao norte, em Nampula (terra do nosso MCP, o Daúdo) tem o Macua. Há uma série de outros que eu ainda não descobri, e todos eles servem como uma forma de identificar a região da pessoa (como estou em Tete, sou maNyúngwo).

É claro que a palavra choque dá a impressão de estarmos passando por uma experiência ruim, o que não é sempre verdade. Um bom exemplo de uma situação não qual eu fiquei chocado foi quando eu, Maico e Miguel fomos ao Mercado do Peixe em Maputo, um lugar onde você compra seus frutos do mar e leva ao restaurante para que os preparem para você. Lá eu tive um tremendo choque quando comi dois caranguejos e uns quatro camarões bem servidos (e olha que os caras disseram que ainda não eram dos maiores) e paguei por tudo (incluindo o táxi) o equivalente a R$ 14! (sim, frutos do mar são mais baratos do que frango aqui!)

Eu poderia seguir falando muito mais, sobre o meu trabalho, sobre meus amigos, sobre o fato de (em dias bons e com alguma sorte) poder ver hipopótamos ou alguns crocodilos sob a ponte do Rio Zambezi a caminho do trabalho, mas provavelmente o post ficaria muito cumprido e a Fê não o publicaria! Por isso, deixo aqui o link para o meu blog http://sabeselaporondeanda.wordpress.com/. Lá, quem tiver mais curiosidade, poderá entrar em contato comigo ou acessar o meu Picasa e ver algumas fotos bacanas.

Fico por aqui com meu relato e espero que ele incentive mais @secos a passarem por essa experiência genial que é o intercâmbio.

Abraço galera!

Giba

7 comentários:

  1. Fantástico! Quero ir pra África também!

    É verdade que aí existem pessoas que tem nome de acordo com o ofício? Tipo sr. Alface? Hahahaha!

    Abs

    Gui L (TM - sim, ele ainda existe!)

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  2. Meeeu, que animal sua X!! Estou em um país totalmente oposto ao seu, aqui há abundância em tudo, importados é o que não falta, mas mesmo assim tive um choque cultural um tanto bizarro!

    Fico feliz por vc, lembro que conversamos sobre fazer o intercâmbio e depois fiquei sabendo que vc seria EP...Vale muito a pena viver tudo isso!!

    Beijão, Giba e te cuida!

    Kati

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  3. Incrível!
    O melhor de tudo é poder compartilhar isso tudo e ter mais um ponto de vista para vivenciar a experiencia de quem também está viajando!

    Pra mim é muito importante ter contato com o que os outros EPs estao vivenciando, porque sem perceber a gente acaba caindo na rotina da nova vida e deixa de prestar tanta atencao nos detalhes e em tudo o que nos está cercando!

    Beijos Giba!

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  4. Sem comentários parceiro!!! Nas poucas vezes q a gente se falou nesse tempo fiquei com uma vontade enorme de ir pra essas bandas!!

    Aqui na krakowlandia as coisas são diferentes! Mas os choques são inevitáveis...no meu caso acho que uma das coisas mais feras é estar em um país em que o comunismo ainda tem muita influencia! Quero dizer no jeito de as pessoas pensarem e agirem e tudo mais!

    Ah último comentário, não vem com desculpinha de que a cidade é remota, pq um grande amigo meu de portugal que trabalha comigo aqui ja foi pra Tete e foi numas festas animais! Depois passo as referências!

    Ops! Agora é o último comentário oficial: USA CAMISINHA nessa porra!!!

    Saudações cracovianas!

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  5. Meus comentários...

    1- Não precisava ter comentários, a sensação é "o post já acabou? Mas eu quero mais!!!" (ainda bem que tem um blog cheio de coisas para a gente matar a curiosidade;

    2- Falei na preparação cultural e falarei de novo: que sonho morar onde os frutos do mar são mais baratos que o frango;

    3- Sei que a câmera chegou agora (ou ainda está a caminho), mas assim que der quero ver este trajeto exótico até o trabalho!!!

    4- Se hoje estou na AIESEC é porque acredito no que buscamos e acredito no intercâmbio, nessa "experiência genial" como descrita por você, que traz um desenvolvimento pessoal absurdo, uma visão de mundo incrível e ainda causa o tão mistificado impacto em nós e nos outros, cara inveja de todos os EPs;

    5- Mal posso esperar o próximo post (tbm tenho que fazer propaganda do blog).

    Aloha e ;-*kas

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  6. Valeu pela força galera!

    Algumas respostas:

    1 - Gui: Sim! Aqui tem uns nomes bizarros, eu trabalho com um cara que chama Álgebra, por exemplo.

    2 - Mariana: Sim, cair na rotina é uma droga! Uma vez li em um livro qualquer que "a gente deixa de ser criança quando perde a capacidade de se encantar com o novo"

    3 - Kati: Que saudaaade!!! O próximo post tem q ser seu hein? O Chucrutes com Cervejis ta meio parado... =( ta tudo bem por aí?

    4 - Biel: Aqui tem q ter criatividade! Mudei de casa essa semana e fizemos um brazilian day aqui (tem fotos no meu picasa), fazia tempo q eu nao comia picanha e bebia cerveja o dia inteiro! E pode deixar! Camisinha FTW!

    5 - Fê: Tbm to curiso para ver o próximo post!!!

    Bjos e abraços gente! QQr coisa manda email, adiciona no skype, no msn, etc...

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  7. Giba!!!!!!!

    Sensacional seu post!
    E meu, faço das palavras das Fê as minhas! Em todos os aspectos =)

    O impacto do teu trabalho deve tá sendo muito foda. Btw, vc já conheceu a Li? MCVPER daí? Ela é um amor!!

    bjos

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